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Passei dos 50! E agora? POR: MIRA GRAÇANO – ARTIUM 06

Tempo de leitura: 2 minutos

Foto: James marçal.

Confesso que não foi fácil. Não adianta mentir, fazer pose de bem resolvida, mulher madura consciente, a profissional experiente e todos os demais títulos possíveis para atenuar o fato. A ficha caiu quando um cunhado, que já nem era mais cunhado, soltou a flecha: e aí, agora é contagem regressiva, você já viveu mais do que vai viver!!! Desagradável…. por que jogar por terra meu esforço em lidar com a situação de forma serena- ainda que externamente? Mas, ok, ele tinha razão. E o pior é que gosto muito do meu eterno cunhado.

Enfim, cheguei aos 50, ou melhor, passei.

Agora é tocar o barco, lidar com as rugas, com a pressão alta- primeiro sintoma de que a idade chegou. Me peguei no espelho falando sozinha: até que não estou mal…, apesar do olhar cansado e da paciência menor com o filho. Felizmente essa nostalgia, os rompantes de realidade, duraram apenas alguns minutos. Logo depois me lembrei das recompensas dos 50. Sim, há muitas recompensas, afinal, somos experientes, vividos, maduros… isso tem que servir para alguma coisa. E convenhamos, a maior dádiva da idade é ter autonomia para ser quem somos. Não quer dizer que não possamos ter autonomia desde a juventude, mas é um esforço hercúleo enfrentar o mundo e as pessoas antes de mostrar a que veio. Hoje não… hoje sou mulher feita e a autonomia me permite contar a idade, evitar festas sociais chatas pra fazer presença, eventos em que todos desfilam sem saber o que dizer ao outro, evitar pessoas que só reclamam, me permite afastar de conveniências. Posso até mesmo assumir que não gosto das músicas do Chico Buarque (escondi isso a sete chaves durante a faculdade. Poderia ser linchada). Nessas alturas do campeonato, tenho autonomia para assumir não gosto, não concordo, não quero.

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